Saturday 1 December 2012

A minha experiência com o NaNoWriMo 2012

Como referi no post anterior, este ano decidi lançar-me para o NaNoWriMo e quis escrever 50000 palavras durante o mês de Novembro, e, mais uma vez, como disse no post anterior, consegui com 50018 (51194 segundo o site oficial do evento). Mas neste post vou contar tudo sobre a minha experiência (inclusive vou falar do meu "livro").
O meu falhanço ao longo do mês

Este é, na verdade, o meu segundo ano. Em 2011 também "participei" mas talvez por falta de paciência ou simplesmente devido à minha fraca memória, no 5º dia do mês deixei para trás e fiquei com cerca de 5000 palavras. Mas este ano decidi que ia chegar ao fim, com as 50000 palavras escritas ou não, mas ia participar. Decidi logo no início que ia escrever as minhas 1667 palavras assim que chegasse a casa, antes de ir à Internet ou de fazer os trabalhos de casa. Como é óbvio, isso não aconteceu.
Quase todos os dias chegava a casa às 17:10, ia para o computador onde ficava a ver vídeos no Youtube até às 19:30, ia jantar e às 20:30 começava a entrar em pânico pois tinha de escrever as 1667 palavras até às dez da noite. Mas quase sempre consegui (quase nunca) e devido ao curto espaço de tempo que tinha para escrever, o livro saiu horrivelmente mal escrito (ainda tenho pesadelos com isso). Houve, claro, dias em que nem uma palavra foi escrita e depois, durante fins de semanas frustrantes, escrevia 4000 palavras seguidas para compensar o que não tinha escrito. Como podem ver pela imagem ao lado, falhei miseravelmente ao longo do mês. A linha oblíqua que passa pelo gráfico representa as palavras que devia ter nesse dia, sendo que as barras representam as palavras que tinha eventualmente escrito. Vêm, obviamente, que em nenhum (ou quase nenhum) dia as minhas barras tocar na linha oblíqua. Vêm também que há, por vezes, barras seguidas com a mesma altura, o que significa que nesses dias não escrevi nada. Houve também dias em que não escrevi mas disse ao site do NaNoWriMo que sim, que tinha escrito.
Foi, ao longo do mês, um falhanço enorme, mas no final venci e consegui. Antes de começar a falar sobre o livro que escrevi, deixem-me deixar algumas dicas aos que querem participar, eventualmente, num destes eventos:
  • Não passem um dia sem escrever (pode ser difícil mas tentem sempre). (Óbvio que eu não segui esta dica)
  • Não mintam ao site porque depois vão-se arrepender, e muito. (Óbvio que eu não segui esta dica)
  • Tentem ficar sempre acima do mínimo diário para o caso de algum dia não poderem escrever. (Óbvio que eu não segui esta dica)
  • Tentem escrever bastante nos primeiros dias porque é quando nos sentimos mais entusiasmados para escrever e as palavras jorram aos milhares. E também porque as primeiras palavras são sempre mais fáceis de escrever. (Óbvio que eu não segui esta dica)
  • Se começaram a escrever um livro, não desistam. Mesmo que não estejam a gostar de o escrever, continuem porque é difícil, bastante difícil, começar outro livro quando só se tem 30 dias. (Também não segui esta dica porque comecei com um chamado "Vortex" de FC mas felizmente tinha este já com 5000 palavras escritas e pude mudar a tempo)
  • Não se preocupem com a vossa escrita. Estavam mesmo à espera de chegar ao fim com um livro merecedor do Nobel da Literatura? A vossa escrita vai ser uma porcaria (desculpem a expressão) mas se querem publicar o vosso livro do NaNoWriMo depois vão ter de o reescrever eventualmente. (Esta eu segui)
  • Se estiverem numa parte do livro enfadonha e não conseguem escrever, saltem para uma parte emocionante para vos obrigar a deitar palavras no ecrã. Não há problema em saltarem do início para o fim ou para o meio, o que interessa é que escrevam. (Esta eu também segui)
Estas são as minhas dicas para os que querem participar em 2013. Outra dica que posso mencionar é escreverem algo fora da vossa zona de conforto, algo que nunca escreveram antes, para vos treinar nesse género. Eu, que sou fã de fantasia, quis escrever FC e obviamente não resultou, mas para o ano vou tentar um Romance daqueles tipo YA (young adult).
Agora passemos ao meu livro. Como podem ver pela imagem acima, chama-se "O Poder das Trevas" e é um livro que ando a trabalhar desde o início do Verão. Tudo começou depois de tentar escrever mais uma cópia barata do GOT e, frustrado, parei de escrever. Decidi então reler um livro que para aqui tenho sobre mitos e lendas para crianças e fiquei apaixonado pela mitologia Greco-Romana e pela Nórdica. Decidi então criar a minha própria mitologia, com os Deuses e os heróis e as lendas e tudo o resto. A partir daí nasceu Erithios. Erithios é um dos reinos existentes no meu livro, e no início era para ser habitado por Humanos. Mas depois pensei que isso era muito simples e quis introduzir raças e espécies diferentes, criar um mundo de raiz. Após conversas com amigos, cheguei à conclusão que não devia popular o meu mundo com seres tipo J.R.R. Tolkien (Ellfos, Anões, etc.), devia sim criar os meus próprios. E aí nasceram as 5 raças de Erithios: os noriathi, os bandaernos, os argonianos, os mondarghi e os enduanos.
Um dos muitos "crachás" que dão
aos vencedores. Também dão um
diploma para imprimir!
Comecei a escrever este livro mais ou menos em Setembro e cheguei a uma parte em que me vi forçado a desenhar um mapa de Erithios para me orientar. E assim foi. E sendo este reino uma grande ilha (obviamente), inspirei-me em Portugal e chamei ao oceano que os rodeava Mar Tenebroso pois nunca ninguém tinha passado para além desse mar. Mas o que havia para além do Mar Tenebroso? Um novo reino. E nasceu Allorus. Um reino habitado por Humanos e o berço dos argonianos que habitam Erithios (está tudo relacionado, acreditem. Eu criei uma história mundial e tudo). Mas ainda não estava satisfeito. Por isso fiz Argor, um terceiro reino, mais pequeno, apenas uma ilha localizada a nordeste de Erithios que sabe da existência deste último reino mas não de Allorus.
Mas Erithios é peculiar pois o seu sistema monárquico apenas aceita Rainhas e não Reis e o povo deste reino crê nos Deuses da morte e da destruição, etc (daí o título do livro). E, além disso, em Erithios apenas existem duas estações: Verão e Inverno. Ambos podem durar um tempo indefinido e quando acaba um, começa logo o outro sem haver qualquer estação no meio. Mas o que realmente marca a diferença de uma para a outra não é o frio mas sim a Criatura. A Criatura é um ser que desce das Montanhas de Boltangar no norte para espalhar a morte e a destruição juntamente com o seu exército, os Espectros. Existe, no entanto, um clã de argonianas que acreditam na Criatura como o verdadeiro Deus. Argor é um reino bastante religioso onde habitam noriathi, bandaernos e argonianos que rezam ao Deus do Mar, Bastheron. Por fim Allorus tem outra religião, mas não é tão importante para eles como o Rei.
O livro encontra-se dividido em POV's (point of view ou pontos de vista), sendo que cada "capítulo" é contado pelos olhos de uma personagem diferente. Eis as personagens POV:

Em Erithios                              Em Allorus                                  Em Argor
Normon (noriathi)                      Patryk (príncipe do reino)              Torn (argoniano)
Eric (mondarg)                           Myra
Araethya (argoniana)

A história desenrola-se em volta destas personagens sendo que as suas histórias estão todas, directa ou indirectamente, relacionadas. Normon é um membro da Ordem de Boltangar cujo principal objectivo é treinar seres do sexo masculino na Dádiva para poderem proteger o reino da Criatura e do clã que a adora. Eric é um assassino enviado pela Rainha para matar Lorde Geormund Racelin que pretende casar-se com a Suma-Sacerdotisa da Ordem da Ilha para, juntos, tomarem o poder do trono. Araethya é uma jovem argoniana da Ordem da Ilha que está a ser treinada na Dádiva (a história dela é mais emocionante do que apenas isso). Patryk é o príncipe de Allorus e encontra-se em viagem para Erithios (um reino descoberto recentemente) para poder estabelecer contacto com a Rainha. Myra é uma jovem órfã em busca de vingança pela morte do pai. Torn é um membro da Religião de Bastheron que prepara uma guerra contra Erithios e os seus falsos Deuses.
"Capa" do "livro"
Há muito mais para contar sobre a minha experiência no NaNoWriMo e sobre o meu livro (qualquer pergunta eu estou disposto a responder). Se aconselho o NaNoWriMo? Sem dúvida. Mesmo para aqueles que não ambicionam ser escritores mas que gostam de deitar umas palavras aqui e ali, o NaNoWriMo é uma boa hipótese para treinar esse hobby. Se alguma vez pensei em desistir? Claro, principalmente no início desta semana quando tinha cerca de 38000 palavras e tinha de chegar às 50000 até sexta-feira. Se gostei? Sim, gostei, apesar de ser bastante stressante e de ter tido muitos momentos de pânico. Se vou participar para o ano? Claro...

Até à próxima e... boas leituras
Vemo-nos no NaNoWriMo 2013 :)

NaNoWriMo 2012

Este ano decidi lançar-me ao desafio e participei no NaNoWrimo que, para os que não sabem, significa "National Novel Writing Month" (que traduz para algo do género: "Mês Nacional de Escrita de Livros") e é uma espécie de concurso, mais um desafio, para jovens autores que querem escrever sobre grande stress. O conceito básico é que os participantes têm de escrever 50000 palavras durante o mês de Novembro, ou seja, durante 30 dias, o que dá uma média de 1667 palavras por dia (algo bastante difícil de conseguir). Mas, após vários dias de stress, várias noites sem dormir, inúmeras chávenas de chá e vídeos de gatos no Youtube para descontrair, o mês de Novembro chegou ao fim e com ele acabou o NaNoWriMo de 2012.Sim, eu participei, e sim, eu consegui acabar o desafio com 50018 palavras (apesar de o site do NaNoWriMo afirmar que escrevi 51194 palavras) mas apenas com muitos momentos de pânico e pensamentos de desistência, com momentos de vitória e dias de derrota, fins-de-semanas gastos em frente do computador e trabalhos de casa por fazer. Mas consegui.O NaNoWriMo surgiu em 1999 em São Francisco, nos EUA, durante o mês de Julho e com apenas 21 participantes. Ao longo dos anos evoluiu e transferiu-se para Novembro, chegando ao ano de 2012, deixando de ser a nível nacional e passando a mundial, com cerca de 300000 participantes que escreveram no total 3288976325 palavras.Para aqueles que se questionam sobre se o NaNoWriMo realmente funciona em termos de escrita de verdadeiros livros e não apenas textos enormes e sem nexo, eis a minha resposta: sim, o NaNoWriMo realmente funciona e para aqueles que querem participar e acreditam que vão chegar ao fim com um livro pronto a publicar, enganam-se. O que o NaNoWriMo faz é permitir que jovens escritores escrevam uma espécie de rascunho do que poderá vir a ser um livro publicado. Muito trabalho tem de vir depois de Novembro se queremos ver o nosso livro nas prateleiras. Exemplos de livros de sucesso e bestsellers que originalmente nasceram no NaNoWriMo incluem "Cinder" de Marissa Meyer publicado em Portugal pela Editora Planeta, "The Night Circus" de Erin Morgenstern publicado em Portugal pela Livraria Civilização Editora sob o título "O Circo dos Sonhos" e o famoso "Water for Elephants" de Sara Gruen publicado pela Difel em Portugal com o nome "Água aos Elefantes". Outros autores hoje em dia conhecidos começaram a sua carreira a escrever no NaNoWriMo (como a Jackson Pearce, autora de Sisters Red e Sweetly).Como podem ver, o NaNoWriMo é algo perfeito para aqueles que sonham em ser escritores ou para aqueles que simplesmente gostam de escrever.Aqui podem ver outro post sobre a minha experiência no NaNoWriMo:
http://nomnomlivros.blogspot.pt/2012/12/a-minha-experiencia-com-o-nanowrimo-2012.html