Wednesday 3 July 2013

A Corte dos Traidores - Opinião

Sinopse:
Os Seis Ducados estão mais vulneráveis do que nunca. Enquanto o príncipe herdeiro combate os Navios Vermelhos com a sua frota e a força do seu Talento, o Rei Sagaz enfraquece a cada dia com uma misteriosa

doença e bandos de Forjados dirigem-se para Torre do Cervo matando todos pelo caminho.
Mais uma vez Fitz é chamado para para servir como assassino real. Mas o jovem esconde outro segredo: ninguém pode saber que formou um vínculo com um jovem lobo através da magia proibida da Manha e, se for descoberto, arrisca-se a uma sentença de morte.
Quando o príncipe herdeiro embarca numa perigosa missão para pôr fim à ameaça dos Navios Vermelhos, a corte é entregue nas mãos do príncipe Majestoso que tem os seus próprios planos maquiavélicos para o reino. Cabe ao jovem bastardo proteger o verdadeiro rei numa corte prestes a revelar a face dos traidores num clímax memorável.

Opinião:
Por onde começar?
Este livro foi perfeito em todos os sentidos da palavra e ainda que o título tenha sido escolhido pela Saída de Emergência (creio eu), assenta perfeitamente à história. Vou explicar o porquê de ter adorado tanto este livro: o primeiro livro desta saga foi, no início um grande desapontamento, como já aqui expliquei anteriormente, mas mereceu cinco estrelas porque acabou por me surpreender bastante; o segundo livro teve "apenas" quatro estrelas porque, apesar de ser bom, foi um bocado parado; mas este terceiro livro, oh god.
Já se passou algum tempo desde que o li mas creio que ainda sou capaz de recordar o que aconteceu. Este livro continua imediatamente a seguir ao segundo uma vez que no original são os dois o mesmo livro (é a mania da SdE de dividir os livros em dois) e por isso é aconselhável que leiam este terceiro imediatamente a seguir ao segundo. O Rei Expectante Veracidade parte, como diz a sinopse, para uma perigosa missão em busca dos Antigos. Os Antigos são um povo lendário que, segundo se diz, já anteriormente tinha vindo ao auxílio dos Seis Ducados e por isso Veracidade procura-os de novo para os salvar dos Navios Vermelhos. Ao início esta decisão pareceu um pouco irresponsável mas depois acabamos por perceber o desespero que atinge Veracidade e que apenas lhe deixa duas hipóteses: ou fica em Torre do Cervo e gasta todas as energias no Talento ou parte nesta missão arriscada.
Veracidade deixa assim a corte para o Rei Sagaz que está muito doente e enfraquecido e por isso quem realmente "manda naquilo tudo" é Majestoso. E heis o que fez este livro tão bom: nunca em toda a minha vida enquanto leitor eu odiei tanto uma personagem como Majestoso. Nunca. Nem mesmo Cersei ou o Joffrey. Majestoso é o arquétipo dos antagonistas. É que ele é mau, é horrível, odioso mas esses adjectivos não se aplicam a ele como se aplicam, por exemplo, a Lord Voldemort. Ele não anda para ali a matar pessoas (kinda of), não se põe a cortar cabeças nem a enforcar pessoas (apesar de querer). Ele simplesmente puxa uns cordelinhos e mata quem quer sem nunca se saber que é ele.
A segunda coisa que fez este livro perfeito foi o final. Oh god, aquele final. As últimas cem páginas (mais ou menos) estão cheias de revelações, traições, emoções e quase me fizeram atirar o livro contra a parede na esperança que Majestoso morresse, assim como Justino e Serena (mas esses pronto...)
As outras personagens foram excelentes como sempre. Kettricken é, até agora, uma das minhas personagens femininas favoritas e o Bobo permanece um mistério. Mas os melhores momentos foram, sem dúvida, quando Moli e Fitz estavam juntos. Adorei as falas, os momentos, as discussões e os corações partidos porque retratam uma relação realista, não um conto de fadas qualquer e no final deste livro até o meu coração ficou partido com o rumo desta relação.
E falando em final. Eu estava mais ou menos à espera do que ia acontecer porque li a sinopse do quarto livro antes de acabar este, mas mesmo assim aquele final fez-me ler o quarto livro logo a seguir. Eu tinha de saber o que acontecia. Não consigo imaginar as pessoas que leram este livro quando o quarto ainda estava por sair. Estou a imaginá-las a ler as últimas páginas umas cem vezes para se certificarem de que aquilo tinha acontecido. Alguns podem pensar que tudo tinha de ficar bem porque ainda havia mais um (dois em Portugal) livro para sair e por isso aquilo tinha de ser remediado. Mas com Robin Hobb não sabemos se tudo ia ficar bem no próximo livro. Quem nos diz que no próximo livro a história não ia continuar com uma espécie de vingança de Breu ou de Castro ou do Bobo ou da Kettricken. Não sabemos. É assim a Robin Hobb. E outra coisa fantástica (isto mais relacionado com a escrita) é as reviravoltas. Todos estamos habituados a reviravoltas e depois de ler as Crónicas de Gelo e Fogo já quase nada nos surpreende. Mas a diferença é que GRRM apresenta as reviravoltas e plot twists de uma forma brutal, atira-nos à cara e logo a seguir ajuda-nos a processar o que aconteceu através das consequências da reviravolta. Enquanto que Robin Hobb apresenta as suas reviravoltas de uma forma completamente banal, como se não fossem nada de especial, apenas um acontecimento como qualquer outro e a história continua. Creio que isto se deve ao facto de o livro ser escrito na primeira pessoa e ser uma espécie de recordação porque o Fitz está a recordar isto tudo e assim as reviravoltas não passam de um mero encadeamento lógico do Fitz. Dois exemplos de reviravoltas que me deixaram boquiaberto (e que me consigo lembrar agora) foram o da Rosamaria e o do Justino e da Serena.
Mas deixo-vos ler o livro por vós próprios, julguem-no como quiserem. Eu adorei, 10 estrelas de 10, Brilhante. Um livro excelente e que recomendo, sem dúvida. Se acharem os dois primeiros livros da saga aborrecidos e lentos, esperem até este.

Até à próxima e... boas leituras!

4 comments:

  1. Ois Pedro,

    Gostei de ler o teu comentário e penso que me recordo do KO que apanhaste, algo só possível num manhoso ehehehe.

    Tens tantas mas tantas surpresas já nos livros seguintes :D...prepara ai mais um 10/10 em especial nos livros da saga seguinte mas até lá ainda vais ter muitos bons momentos.

    E o Bobo, aproveita agora, pois não tarda será conhecido por outros nomes será ? :)

    Abraço e continua

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  2. Olá Pedro,

    Adorei a tua opinião. Acho que senti exactamente o mesmo que tu em relação ao primeiro e segundo livros desta saga...
    Tenho o terceiro cá em casa, mas depois de ler a tua opinião vou pô-lo no início da pilha de livros para ler.
    Esta é mesmo uma saga que promete!!!
    Beijinhos e boas leituras

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  3. Olá, deixei te um selo no meu blog http://esmiucar-pag-a-pag.blogspot.pt/2013/07/viajando-na-leitura-selo.html :)

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  4. Olá Pedro,

    gostei imenso de ler a tua opinião. Está em tudo de acordo com o que eu encontro nos livros da Robin Hobb. Já lá vão 4 anos desde que li este livro e já não tenho muito bem presente o que acontece em cada um dos primeiros três livros, porque fiquei com a ideia global da saga, tendo mais presente o que acontece nos últimos dois.
    Esta saga é tão maravilhosa, tão bela, que é impossível não gostar de tudo o que nela existe. Como referiste, e muito bem, o Majestoso consegue ser um vilão perfeito e real: ele não é espalhafatoso, não anda a expor os seus planos, não se vê ele a agir plenamente; não, ele mexe-se na sombra, mexe os cordelinhos, como referiste, e outros fazem o trabalho dele. Está muito bem desenvolvido e real. Todas as personagens o estão.
    Um dos aspetos mais interessantes (são todos) é o facto das personagens terem características e comportamentos, atitudes, reais. Não são estereotipadas nem personagens tipo. São antes personagens individuais e reais.
    A relação entre o Fitz e a Moli é das relações literárias que mais gosto; aliás, é a história de amor da literatura que eu mais gosto. Porquê? Porque não é um romance estereotipado, eles amam-se e compreende-se a evolução da relação, de ambas as partes, apesar do livro ser narrado na primeira pessoa do singular. E vai ser uma história linda até ao final =), das duas sagas.
    E depois temos o Fitz, que eu já mencionei noutro comentário, e que eu gosto tanto. E a Rainha Kettricken, e o Bobo e todos os outros. O Bobo, o Bobo, é muito misterioso. Vais achá-lo misterioso até ao fim.
    Já li as duas sagas e espero que a SdE se despache a publicar mais livros da autora, pois é uma pena que não o faça, uma vez que esta autora é fantástica.

    Bjs e boas leituras!

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